terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Visconde do Rio Branco oferece dados para uma visão global



Pelo Censo de 2010(IBGE), Visconde do Rio Branco tinha há dois anos 37.942 habitantes – 1,91% a mais do que em 2009, quando nossa população contava 37.228 pessoas.  Para 2011, há estimativa de 38.353 habitantes, que revelam crescimento de 1,08%, pouco mais da metade do crescimento do ano anterior.

Em 2009, os 37.228 habitantes alcançaram o Produto Interno Bruto(soma de todas as riquezas produzidas no município) de R$ 498.500.000, que apontam uma renda por pessoa de R 13.390,47.

Todos contribuem para esta renda “per capita”. Até um bebê, quando consome fraudas e leite está participando dessa renda.  Por isto é que o PIB bruto é dividido pelo número de habitantes, para se saber o quanto de cada um formou essa riqueza. 

Neste raciocínio, a renda individual por ano dividida por 12 meses dá logicamente a renda mensal de R$ 1.115,87.

As famílias, em tese, de acordo com a definição constitucional para determinar o Salário Mínimo, têm em média quatro membros: dois adultos e duas crianças. Neste caso, uma família produz R$ 4.463,38 por mês.

O DIEESE revelou que o Salário Mínimo Necessário para uma família, em janeiro, deveria ter sido de R$ 2.398,82, quase quatro vezes os R$ 622,00 que o governo anunciou com todo estardalhaço, acompanhado pelo coro dos “líderes sindicais” atrelados ao aparelho governamental através de cargos que esses sindicalistas ocupam na máquina. Para alguns, isto se chama peleguismo.

Vejam que o Salário Necessário é pouco mais da metade do que uma família produziu.  E ainda há a defasagem na relação do tempo.  Os dados que citamos sobre a “renda per capita” se referem ao ano de 2009. E o Salário Mínimo é de janeiro último(2012).  Três anos de diferença.  Há uma tendência de a renda por pessoa crescer a cada ano.

Então, diríamos, se uma família produz o dobro de suas necessidades básicas, nada haveria de mais se recebesse o valor que cobrisse essas necessidades.  A outra parte seria suficiente para sua contribuição a ser dividida com os lucros dos investidores no setor produtivo e a manutenção dos serviços públicos.

Mas, ao contrário desta possibilidade lógica, a perversidade dos grupos dominantes, através dos seus títeres governantes, divide por quatro o valor destinado à remuneração mínima do trabalhador, que é a recebida pela grande maioria da população.

O mesmo IBGE revelou no Censo de 2010 que a maioria das casas brasileiras vive com até um salário mínimo por pessoa.  Observem: ....”até um salário mínimo...”  Está claro que muitas são as famílias que têm menos do que isto.

E para saber disto, cada um pode começar a ver por si mesmo, por sua própria família, e pelos seus vizinhos. O nível de vida predominante em cada lugar, em cada bairro, sobretudo no que costumamos denominar “periferia”. Vejam as moradias, os meios de condução, o grau de educação, as possibilidades e carências.  E são muitas as famílias em que somente o chefe trabalha. Em outras, marido e mulher vão à luta e deixam as crianças em creches ou semi-abandonadas. Nem assim conseguem cobrir a metade de suas necessidades. E ainda há as mulheres que são arrimo de família, por serem mães solteiras, ou por separação.

Essa tremenda diferença do que realmente produz cada pessoa se torna oito vezes maior do que ela tem de retorno.  Isto faz a concentração da renda em poder de uns poucos que fazem a dominação de mil por 1, ontem comentado.

Nesta ordem de coisas, é fácil saber quem domina uma população. Um município que tenha 100 mil habitantes, 100 controlam a vida dos demais.  E é fácil “ver” quem são esses 100. Sua proeminência na vida social salta aos olhos de todos. Quanto menor o município, mais fácil se torna saber quem são os seus “donos”, a ponto de ferir a individualidade. Cada pessoa comum, até para pensar, tem que saber se pode. Quanto mais para tomar uma decisão aberta, exercer a sua liberdade(Que liberdade?).  A qualquer mal humor dos controladores da situação, perde-se um emprego, que pode ser o próprio, ou de alguém da família.

Já vimos campanha política, em que os moradores eram proibidos de colocar cartazes de seus candidatos preferidos nas suas casas.

Os municípios começam a ter relativa independência das oligarquias a partir de quando passam de 50 mil habitantes.  Vão surgindo acanhadamente escolas de melhor grau, algumas pessoas passam a alcançar cursos superiores sem vínculo com os dominadores; a tomar decisões próprias.  Surgem empresas com melhores serviços e com capacidade de remunerar melhor seus funcionários.

Mas isto dentro de um clima muito relativo, que, às vezes, faz os pioneiros  da nova realidade se atrelarem em corporativismo aos dominadores.  Há muita sutileza na tentativa de cooptação dos mais audazes, através de associações de classe, ou entidades de caráter aparentemente filantrópico, que oferecem prestígio social, em troca de limitações de liberdade.  São instituições algumas de atividade aberta, como ante-sala de outras de abrangência internacional, de funcionamento secreto, que, tudo indica, colaboram com órgãos de espionagem de governos e de sistemas de além fronteiras.

Essas instituições costumam ter representantes nos municípios que se emancipam. E se instalam como órgãos autônomos a cada criação de Comarca, quando procuram se infiltrar nos Três Poderes.

Esta estrutura, de caras e de sombras, impede que a população, de forma coletiva e organizada, tenha conhecimento das amarras que a cercam.

E, neste formato social, o indivíduo não percebe que produz muitas vezes mais do que recebe.

Seria isto o que os teóricos do socialismo chamam de “mais valia”?  


(Franklin Netto – franklin_netto@hotmail.com)

  

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