quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - BRASIL, PREÇOS ALTOS


A última semana foi ocupada na imprensa brasileira pela sequência de movimentos reivindicatórios  por maiores salários, de várias classes. Policiais em vários estados e pessoal de transporte de Curitiba fizeram paralisações maciças que ainda repercutem em outras localidades e segmentos.  A verdade é que o custo de vida no país, nos últimos anos, subiu muito, em grande parte como conseqüência  do aumento dos preços de bens agrícolas no mercado mundial. Milhões de pessoas vêm se incorporando ao mercado de consumo na Ásia, significando maior procura de alimentos e, logo, preços mais elevados destes produtos no mercado mundial . Com isso, ganha o agrobusiness que exporta esses bens, mas perde o trabalhador. O Brasil, neste processo vira o “fazendão” do planeta, comprometendo preciosos recursos naturais para as próximas gerações, enquanto a China e Índia se transformam nos novos pólos da indústria e da alta tecnologia.

Cálculos do DIEESE sobre a Cesta Básica, indicam que esta subiu acima de 10% em 16 capitais no ano passado (http://sul21.com.br/jornal/2012/01/dieese-cesta-basica-ficou-mais-cara-em-16-de-17-capitais-em-2011/)  e sugere um Salário Minimo , hoje, para fazer frente às cláusulas da Constituicão de  R$ 2.938,92 (economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2012/02/06/salario-minimo-deveria-ser-r-239882-para-brasileiro-arcar-com-despesas-basicas.jhtm - 73k -) . A maior alta ocorreu em Vitória (13,8%) com o valor de R$ 275,39, em dezembro de 2011. A segunda maior elevação foi constatada em Belo Horizonte (11,75%) onde a cesta básica custava R$ 264,01, seguido por Florianópolis com alta de 10,2% e valor de R$ 262,44 no último mês de dezembro.

Dois exemplos mostram o elevado custo de vida no país: gasolina e energia.

GASOLINA, UMA DAS MAIS CARAS DO MUNDO, POR CAUSA DOS IMPOSTOS.

 Uma pesquisa da consultoria americana Airinc, publicada no  GLOBO, mostra que a gasolina comum vendida nos postos do país (R$ 2,90 por litro) custa 40% a mais do que em Buenos Aires (R$ 2,08) e 70% acima do comercializado em Nova York (R$ 1,71). Os dados foram  verificados em 35 países, no mês de janeiro, e revela que a gasolina brasileira ocupa a 13ª posição entre as mais caras do mundo. Perde longe, por exemplo, para a Noruega, onde o combustível chega a custar R$ 4,49. Como também para Inglaterra e Itália.

Segundo especialistas, os impostos cobrados sobre o produto nas bombas são os responsáveis pela distorção. O preço do combustível ao consumidor é atualmente composto por 39% de carga tributária (ICMS, Cide, PIS/Pasep e Cofins). Outros 18% são a margem da distribuidora e revendedora; 9% são o custo do álcool anidro (que é adicionado à gasolina) e mais 34% referem-se ao custo da refinaria.

Segundo a Petrobras, o problema não é o custo de produção, pois ela recebe sem impostos R$ 1,02 para cada litro de gasolina vendida nos postos.  O restante são impostos, margens de terceiros e fretes. (R$1,98).

No ano passado, a Petrobrás lançou uma nota explicativa sobre o assunto, explicando que os preços da gasolina estavam alinhados com o resto do mundo, onde os preços são abertos e competitivos - http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/04/07/preco-da-gasolina-mitos-e-verdades/ . A Pesquisa Airinc, porém, contraria  aquela nota.

Preços Internacionais de Gasolina – média 2010

PREÇO DA ENERGIA

Outro estudo, publicado no ESP  - http://blogs.estadao.com.br/jpkupfer/riscos-na-decolagem/  mostra o alto preço da energia no Brasil. A  geração está, até,  entre as mais baratas do mundo,  graças às fontes hídricas, mas, quando se incorporam cotas de transmissão, custos de distribuição e impostos a tarifa voa para uma posição entre as mais altas. A tarifa média paga pela indústria é 50% maior do que a média mundial e, mesmo descontando impostos e taxas setoriais, que respondem por quase metade dos preços cobrados, a indústria brasileira paga mais do que a maior parte dos seus grandes competidores globais.

Aqui, na eletricidade, ocorre o mesmo que no caso da gasolina. O custo de produção é baixo, mas chega muito alto para o consumidor final, em decorrência das margens adicionais de transmissão e distribuição, com também os impostos. A energia hidráulica produzida no Brasil tem um custo muito baixo. Em média o custo gira entre R$ 0,01 e R$ 0,05 por KW/hora. Conforme estudos de Furnas, o custo de produção de energia no “Complexo do Madeira” vai girar em torno de R$ 0,05 por KW/hora. No entanto, a energia que chega às residências é em média de R$ 0,50 por KW/hora. Isto também porque, parte dos consumidores paga pela universalização na outorga de eletricidade aos que não dispõem de recursos para pagá-la. Trata-se, no caso, da Conta do Desenvolvimento Energético, que já vem consignado em conta. (http://www.mst.org.br/jornal/277/entrevista

Aparentemente, pois,  de nada adiantaram as grandes privatizações feitas no setor elétrico no Governo FHC, como tampouco a criação da Agencia Reguladora (ANEEL) que deveria fiscalizar o setor. Ainda não estamos livres dos altos preços de energia e falhas sistemáticas no fornecimento, pontilhado de freqüentes apagões.


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